Assim veio Tulkas, o Forte, cuja ira circula como um vento poderoso, afastando a nuvem e a escuridão à sua frente. E Melkor fugiu de sua fúria e de suas risadas, abandonando Arda, e a paz reinou por uma longa era. E Tulkas permaneceu, tomando-se um dos Valar do Reino de Arda; mas Melkor remoia pensamentos nas trevas distantes, e dirigiu seu ódio a Tulkas para todo o sempre.
Aulë, a pedido de Yavanna, criou duas lamparinas poderosas para iluminar a Terra-média, construída por ele entre os mares circundantes. Então Varda encheu as lamparinas, e Manwë as consagrou; e os Valar as puseram em cima de colunas altíssimas, mais elevadas do que qualquer das montanhas mais recentes. Ergueram uma lamparina junto ao norte da Terra-média, e ela se chamou Illuin; e a outra foi erguida no sul, e foi chamada Ormal; e a luz das Lamparinas dos Valar se
derramou por toda a Terra, iluminando tudo como se fosse sempre dia.
E ali, na Ilha de Almaren, no Grande Lago, foi a primeira morada dos Valar quando tudo era novo, e
o verde recém-criado ainda era uma maravilha aos olhos dos criadores. E eles se contentaram
por muito tempo.
Melkor iniciou então as escavações e a construção de uma enorme fortaleza nas profundezas da
Terra, debaixo das montanhas escuras onde os raios de Illuin eram frios e pálidos. Esse reduto
foi chamado Utumno.
Em meio à confusão e às trevas, Melkor conseguiu escapar, embora o medo se abatesse sobre
ele; pois, mais alto que o bramido dos mares, ele ouvia a voz de Manwë como um vento
fortíssimo, e a terra tremia sob os pés de Tulkas. Chegou, porém a Utumno antes que Tulkas
conseguisse alcançá-lo; e ali permaneceu escondido.
E, como Melkor estava de volta a Terra-média e eles ainda não tinham como derrotá-la, os Valar fortificaram sua morada e, junto ao litoral, ergueram as Pelóri, as montanhas de Aman, as mais altas de toda a Terra. E acima de todas as montanhas das Pelóri elevava-se aquela em cujo pico Manwë instalou seu trono. Taniquetil é como os elfos chamam essa montanha sagrada;
Por trás das muralhas das Pelóri, os Valar estabeleceram seu domínio na região chamada
Valinor; e ali ficavam suas casas, seus jardins e suas torres. Nesse território seguro, os Valar
acumularam enorme quantidade de luz e tudo de mais belo que fora salvo da destruição. E
muitas outras coisas ainda mais formosas eles voltaram a criar;
E quando Valinor estava pronta, e as mansões dos Valar, instaladas no meio da planície do
outro lado das montanhas, eles construíram sua cidade, Valmar de muitos sinos.
Diante de seu portão ocidental, havia uma colina verdejante, Ezellohar, que também é chamada Corollairë; Yavanna a consagrou, e ficou ali sentada muito tempo sobre a relva verde, entoando uma
canção de poder, na qual expunha o que pensava sobre as coisas que crescem na terra.
Em obediência a seu canto, as árvores jovens cresceram e ganharam beleza e altura; e vieram a
florir; e assim, surgiram no mundo as Duas Árvores de Valinor. De tudo o que Yavanna criou,
são as mais célebres, e em torno de seu destino são tecidas todas as histórias dos Dias Antigos.
Uma tinha folhas verde-escuras, que na parte de baixo eram como prata brilhante; e de cada
uma de suas inúmeras flores caía sem cessar um orvalho de luz prateada; e a terra sob sua copa
era manchada pelas sombras de suas folhas esvoaçantes. A outra apresentava folhas de um
verde viçoso, como o da faia recém-aberta, orladas de um dourado cintilante. As flores
balançavam nos galhos em cachos de um amarelo flamejante, cada um na forma de uma
cornucópia brilhante, derramando no chão uma chuva dourada. E da flor daquela árvore,
emanavam calor e uma luz esplêndida. Telperion, a primeira, era chamada em Valinor, e
Silpion, e Ninquelótë, entre muitos outros nomes; mas Laurelin era a outra, e também
Malinalda e Culúrien, entre muitos outros nomes poéticos.
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